Infelizmente existem alguns erros de tradução nas versões bíblicas que muitas vezes criam uma "saia justa" aos cristãos quando estes são questionados por céticos em determinados assuntos presentes no livro sagrado.

Um desses assuntos é a suposta existência de Unicórnios, que teriam sido relatados na Bíblia Sagrada. Esse animal é um ser mitológico que possui a forma de cavalo com um único chifre em espiral e também possui poderes mágicos.

Como já subentendido acima, não há registro de um animal como o Unicórnio nos livros originais da Bíblia, o erro está na tradução para outras línguas. As escrituras originais mencionam nove vezes um animal pelo termo hebraico Re’ém, רֶאֵם (Isaías 34:7; Jó 39:9,10; Números 23:22; 24:8; Deuteronômio 33:17; Salmos 22:21; 29:6; 92:10).

A Bíblia Septuaginta grega trocou o termo Re’ém para “Monokeros” (mono = um | keros = corno ou chifre) dando o sentido de "um só chifre", ou "unicórnio".

A Bíblia Vulgata latina frequentemente traduz o termo Re’ém para "Rinoceronte".
A Bíblia traduzida de Lutero (Luther Bibel 1545) traduz o termo Re’ém para "Einhörner" (Ein = um | horner = chifre) que também significa único chifre, ou Unicórnio.

Detalhe de um antigo mosaico do assoalho da Basílica de San Giovanni Evangelista, Ravenna, datado do ano 1213.


Alguns estudiosos bíblicos dizem que o Re’ém pode ser o Elasmoterio (Elasmotherium), animal extinto há cerca de 10 mil anos, que possuía um grande chifre, o qual pode ter dado origem a lenda do Unicórnio. Mas, a maioria dos estudiosos bíblicos atuais concordam que é pouco provável que seja este animal, pois pelo que se sabe, ele era nativo da Sibéria e não teve contato com o povo hebreu.

O primeiro e maior é uma reconstrução gráfica do Touro Auroque, identificado por consenso acadêmico como o Re’ém.



As versões brasileiras mais recentes como a João Ferreira de Almeida já estão "consertando o problema", trocando o termo Unicórnio por "Boi selvagem" ou "Búfalo", que corresponde ao "Auroque", um enorme e selvagem bovino extinto por volta do ano 1627, o qual era chamado também de Touro Indomável. Este bovino estava presente também no Oriente Médio no passado.
O zoólogo alemão Johann Ulrich Duerst descobriu ao relacionar gados antigos da Babilônia, Assíria e Egito que o termo "rimu" em acadiano antigo refere-se ao mesmo Re’ém hebraico, que como ele mesmo chamou, foi o "progenitor do gado".

Referências:
[1] Dicionário Bíblico A Bíblia
[2] Die Rinder von Babylonien, Assyrien und Ägypten und ihr Zusammenhang mit den Rindern der alten Welt. Diss. Univ. Zürich, 1899 Imagem topo fonte: Reprodução Google
Por: Maique Borges
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Maique Borges

Maique Borges

Maique de Souza Borges, é teólogo, estudante e amante da música sacra. Membro da Igreja Assembleia de Deus em Brasília, casado e pai de um filho. Tem interesse especial pela História da Igreja. É o criador do site Cooperadores do Evangelho. Profissionalmente atua no ramo farmacêutico e brinca de músico e programador nas horas vagas.