Todo ser humano possui uma cosmovisão. Talvez você já tenha lido esta palavra em algum lugar ou mesmo ouvido algo sobre o assunto, mas não tem a menor idéia do significado deste termo. Mas saiba que mesmo assim, mesmo sem saber o que é isso, você possui uma cosmovisão.

Aquilo que cada pessoa é, o que defende, o que vive, é resultado da cosmovisão que permeia sua vida. Em nosso caso específico, vivemos de acordo com a Cosmovisão Cristã (um desdobramento da Cosmovisão Teísta). Como a humanidade é diversificada ao extremo, nos mais distintos aspectos, existe uma gama muito variada de cosmovisões.

Para todo e qualquer cristão ser mais eficiente no cumprir da Grande Comissão (Mt 28.19-20), é importante conhecer as premissas que caracterizam e diferenciam as variadas cosmovisões existentes. Para aquele que enxerga na apologética uma ferramenta útil para a propagação do Evangelho, o discernimento das cosmovisões é essencial.

Empresto as palavras de um grande teólogo e apologista quanto à definição do termo cosmovisão:

“Modo pelo qual a pessoa vê ou interpreta a realidade. A palavra alemã é weltanschau-ung, que significa um ‘mundo e uma visão da vida’, ou ‘um paradigma’. É a estrutura por meio da qual a pessoa entende os dados da vida. Uma cosmovisão influencia muito a maneira em que a pessoa vê Deus, origens, mal, natureza humana, valores e destino.”

[1] Na medida que nos aprofundarmos neste tema, vamos compreender duas coisas básicas:

1) Cosmovisões distintas existem, mas não é possível concordar coerentemente com as premissas centrais de duas ou mais cosmovisões;

2) Cosmovisão é como óculos, para que a realidade faça sentido é preciso visualiza-la de acordo com uma cosmovisão coerente e verdadeira, ou seja, com as “lentes corretas”.

Existem sete cosmovisões básicas; são sete matrizes das quais as demais formas de enxergar o todo derivam: Teísmo, Deísmo, Ateísmo, Panteísmo, Panenteísmo, Teísmo Finito e Politeísmo. Com exceção da relação muito próxima entre o Panteísmo e Politeísmo, não há compatibilidade entre as demais cosmovisões. Veja um pouco de cada uma na tabela abaixo:




SISTEMA COSMOVISÃO EXPRESSO NO:
Teísmo Um Deus infinito e pessoal existe além do e no universo; Criou todas as coisas e sustenta tudo de modo sobrenatural. Judaísmo; Islamismo e Cristianismo.
Deísmo Deus está além do universo, mas não nele. Defende uma visão naturalista de mundo, assim Deus não age sobrenaturalmente naquilo que criou. Pensamento de Voltaire, Thomas Jefferson e Thomas Paine.
Ateísmo Não existe nenhum Deus além do ou no universo. Afirma que o universo físico é tudo que existe. Tudo é matéria auto-suficiente. Pensamento de Karl Marx, Frederich Nietzsche e Richard Dawkins.
Panteísmo Deus é o todo/universo. Não há um criador distinto, criador e criação são a mesma realidade. O universo é Deus, a matéria é Deus, as pessoas o são. Tudo é Deus. Certas formas de hinduísmo, Zen-Budismo e Ciência Cristã.
Panenteísmo Deus está no universo, como a mente está no corpo. O universo é o ‘corpo’ de Deus, seu pólo real e tangível. O outro pólo está além deste plano. Pensamento de Alfred Whitehead e Charles Hartshorne.
Teísmo finito Existe um Deus finito além do e no universo. Deus é limitado em natureza e poder. Aceitam a criação, mas negam a intervenção. Pensamento de John Stuart Mill, William James e Peter Bertocci.
Politeísmo Muitos deuses existem além do mundo e nele. Tais deuses influenciam a vida das pessoas. Nega qualquer Deus infinito. Gregos e romanos antigos, mórmons e neopagãos (wicca).



Este pequeno texto é apenas uma introdução, uma proposta para estudo de cada uma das cosmovisões descritas acima. Numa série de sete textos que virão, vamos nos aprofundar em seus ensinos, divulgadores e movimentos relacionados a sua respectiva matriz.

O primeiro estudo será sobre a Cosmovisão Teísta, dando forte ênfase ao Cristianismo.

Partindo da Cosmovisão Cristã, iremos lançar os argumentos suficientes para mostrar por que cremos que ela é a única cosmovisão verdadeira e digna de crédito, e por inferência, digna de ser defendida. Como disse Edward John Carnell: Se o cristianismo não é digno de defesa, então o que é?



Toda honra e glória ao Senhor!

Notas:
[1] GEISLER, Norman L. Enciclopédia de apologética. São Paulo, SP: Editora Vida, 2002. p.188
Por: João R. Weronka
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